Operação Oxigênio: Empresa acusará a Veigamed de adulterar respiradores comprados por Santa Catarina
A cada dia que passa tem surgido novas acusações que tornam o caso Veigamed cada vez mais hediondo. Se comprovadas as denúncias que serão entregues nesta próxima segunda-feira (18) ao Ministério Público, ficará evidenciado que não há limite para a corrupção.
O SCemPauta teve acesso aos documentos da denúncia que será apresentada contra a Veigamed, pela empresa Exxomed Equipamentos Ltda, que tem sede em São Carlos, no interior de São Paulo. Em suma, a empresa contratada pelo Governo do Estado não teria a autorização para importar os modelos de respiradores anunciados, no caso, o Shangrila 510S.
A Exxomed que tem a exclusividade para a importação em contrato com a Beijing Aeonmed Corporation Ltda e, o registro da Anvisa, informará que não deu autorização à empresa do Rio de Janeiro, para que fizesse a transação, o que poderá impedir a liberação dos 50 ventiladores pulmonares do aeroporto de Florianópolis, após terem sido trazidos da China através da Ethiopian Airlines.
O deputado estadual Maurício Eskudlark (PL), foi procurado pelo CEO da Exxomed, Onofre Neto, que relatou toda a situação e afirmou que não autorizou e, que nem tinha conhecimento da suposta compra. Além disso, causa estranheza a ele, o fato de que a Beijing, fabricante do modelo Shangrila 510S, jamais vendeu diretamente qualquer respirador, o que levanta a suspeita de ter havido uma triangulação na compra.
Segundo o empresário, a empresa de origem nigeriana, mas com sede em Hong Kong, a Afrikamed, teria comprado os respiradores e repassado à TS Eletronic de Itajaí, que foi contratada pela Veigamed para realizar a importação.
Através do Processo SES 37037/2020, que tramitou na Secretaria de Estado da Saúde, é possível constatar que a aquisição emergencial de 200 ventiladores pulmonares seria do modelo Medical C35, que supostamente seria fabricado pela Cima Industries Inc., sediada no Panamá. Acontece que as imagens que constam no processo, não são do equipamento panamenho, mas, sim, do modelo VG70 fabricado pela Beijing Aeonmed e, do qual a Exxomed também tem a exclusividade do registro.
Após constatar que não conseguiria entregar o modelo definido por contrato, a Veigamed informou que substituiria o Medical C35, pelo Medical C30, que é inferior, porém, mais uma vez a imagem anexada no processo, é do aparelho da Aeonmed, o VG70.
Modelo adulterado
A Exxomed levantou uma suspeita que torna o caso ainda mais surpreendente. Os equipamentos que estão no depósito do aeroporto Hercílio Luz, que aparentemente é do modelo Shangrila 510S, podem ter sido adulterados para se passar pelo modelo Medical 30, da empresa do Panamá, como forma de burlar a legislação que impede a entrada no Brasil de qualquer equipamento que não tenha o registro da Anvisa.
Na petição, o advogado Leandro Guerreiro Guimarães, destaca que a Exxomed quer contribuir com as investigações, inclusive, colocando a sua equipe técnica à disposição do Instituto Geral de Perícias.
Outro ponto que deve ser avaliado é que o modelo Shangrila 510S, o qual foi escolhido pelo Governo do Estado, não têm nas suas duas versões produzidas, a recomendação para o uso em UTIs.
Estado foi alertado
No dia 2 de abril o CEO da Exxomed, Onofre Neto, enviou uma carta ao então secretário de Estado Adjunto da Saúde, André Motta, atual titular, que assumiu após a saída de Helton Zeferino.
Informou que nem ele e tão pouco a fábrica, tinha conhecimento do negócio anunciado pelo Estado e, que apenas ficou sabendo após ter sido procurado pela Veigamed em seu escritório, sendo que na condição de representante exclusivo, que não poderia reconhecer a venda ou dar qualquer aval.
Modelo não existe
Também de acordo com a Exxomed, o modelo medical C35, anunciado pela Veigamed, não existe, sendo que todo o material técnico e imagens apresentadas na venda para Santa Catarina, foram usadas do equipamento VG-70, da Aeonmed.
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