Entrevista – Carlos Hassler

O ex-secretário de Estado da Infraestrutura, coronel Carlos Hassler, concedeu entrevista ao SCemPauta a respeito de sua saída do Governo do Estado.

 

SCemPauta – O que aconteceu entre o senhor e o deputado estadual Valdir Cobalchini?

Carlos Hassler – Marquei uma reunião com o prefeito de Pinheiro Preto, foi uma iniciativa minha. Havia um problema desde o ano passado que estava se arrastando, a gente tentava resolver e não conseguia. Cruzei com ele em outro evento e falei para sentarmos e reunirmos as equipes para chegar a uma solução, para resolver o problema administrativo que havia com o município. No dia o prefeito compareceu e me avisaram que o deputado (Cobalchini) se encontrava no prédio. Pensei que ele tinha outro compromisso, mas fui surpreendido com ele chegando para a reunião. Aquilo me incomodou, o fato dele não ter comunicado, não ter avisado, sei lá, me avisado que o prefeito tivesse pedido que ele estivesse junto, ou que queria participar. Não houve um contato prévio, por isso achei que foi uma indelicadeza.

 

SCemPauta – Geralmente quando há essas reuniões com os prefeitos, os deputados costumam avisar que vão junto?

Carlos Hassler – É uma praxe avisar que vai participar se não foi você quem solicitou. Isso me incomodou, talvez não devesse ter incomodado, pois, obviamente como parlamentar, ele tem todo o direito de solicitar presença em qualquer reunião administrativa do Executivo, eu tenho plena ciência disso, sem problema algum. Mas não custava avisar e não ir entrando desconsiderando totalmente o dono da casa entre aspas. Quando entrou eu fiz um comentário que estranhava a presença dele ali, não foi um comentário amistoso, ele percebeu, ficou chateado e perguntou que se eu quisesse ele sairia. Eu poderia ter dito que ele ficasse, mas tem aquele dia que a pessoa não está bem e ao invés de dizer que ele sentasse e tudo bem, eu disse que se ele não se incomodasse eu agradeceria, pois era um assunto entre a prefeitura e o Estado. Ele saiu obviamente chateado, contrariado, eu entendo que não foi agradável, como não foi agradável para mim ele aparecer sem avisar. Então foi isso que aconteceu, eu toquei a reunião com o prefeito que estava com ele ali (Cobalchini), que aguardou fora e depois foram embora.

 

SCemPauta – O senhor se arrepende?

Carlos Hassler – Qualquer um que faça uma análise dirá que foi um ato totalmente desnecessário, realmente, foi desnecessário, uma deselegância dele, uma deselegância minha e na hora ninguém arrefeceu e ficou aquela situação extremamente chata. Jamais caracterizando o cerceamento de um membro do Legislativo na sua atribuição. Ele só saiu porque disse que seu eu quisesse, ele sairia e eu agradeci. Se ele tivesse dito que gostaria de participar eu diria para sentar, ele saberia que eu não tinha gostado, mas faz parte. Então foi isso que aconteceu, na verdade houve uma deselegância de minha parte na recepção a ele, mas de modo algum cerceando a atuação dele. Os deputados sabem a forma que os recebi no ano de 2019 inteiro, inclusive sem cor partidária, não interessava quem estava entrando. Nunca me interessou se era deputado, prefeito, ou cidadão, as portas sempre estiveram abertas. As vezes dificuldade de marcar sim, de encaixar visita sim, esperar duas ou três semanas, mas não por culpa minha. Eu tinha que viajar, acompanhar o governador, reuniões do Governo, reuniões internas e tem a agenda para atender o pessoal de fora. Alguns podem até reclamar com razão que demorou para ser atendido, não que não foi atendido ou que alguém cerceava. Toda vez encontravam alguém disposto a ouvir e a tentar resolver o problema. Resolvemos todos, não, não resolvemos todos, mas o que foi possível resolver nós resolvemos. Independente se era o deputado A, B, C,D…ou o deputado A,B,C,D…O fato é que o que aconteceu não tinha motivo para converter isso em uma crítica institucional, se ele quisesse poderia chegar aqui, me xingar e estava resolvido, mas ele optou por um caminho que eu discordo, que não representa a realidade e que caracteriza manobra política.

 

SCemPauta – O senhor está acusando o deputado de ter se aproveitado do fato para fazer alguma espécie de manobra?

Carlos Hassler – Manobra de uma má política, de politicagem. Essa é a minha visão da ação dele no pós fato. No fato os dois foram deselegantes, os dois erraram, mas o problema ali de atitude de cada um dos dois, não um problema de postura institucional, esses são os fatos.

 

SCemPauta – Qual é o seu sentimento com a exoneração?

Carlos Hassler – Eu saio com sentimento de alegria, de satisfação pelo dever cumprido. Trabalhamos muito aqui, a equipe muito boa, uma experiência muito joia que eu tive com essa equipe que está aqui na Infraestrutura. Aprendi muito, também colaborei, me dediquei ao extremo para melhorar a infraestrutura do Estado. Se fizemos o que queríamos, a resposta é não, faltou muito para chegarmos onde queríamos neste primeiro ano, mas foram muitas dificuldades, muitos desafios, mas, só quem estava aqui dentro, só quem ralou com a gente sabe tudo o que a gente fez. Eu saio com o sentimento de satisfação, pois a gente fez coisas, a gente mudou coisas, a gente construiu coisas e deixa amizades que não vou esquecer nunca, uma equipe maravilhosa que se dedicou para o Estado. Os cidadãos catarinenses podem se orgulhar da equipe que trabalhou no ano passado na Infraestrutura. Podem xingar que não ficou tudo pronto, que ainda tem muito buraco, que pediram coisas e não foram feitas, que pediram algo que não aconteceu, podem xingar, não conseguimos fazer tudo, mas a gente caminhou muito e agora a coisa iria ganhar corpo. Na verdade eu ainda acredito que vai andar, deve acontecer muita coisa boa aí neste ano. A gente torce para que tudo dê certo e o que plantamos frutifique.

 

SCemPauta – O senhor esperava ser exonerado pelo governador?

Carlos Hassler – Essa cadeira é cobiçada amigo. As pessoas querem usar a Infraestrutura para troca de favores, então, eu sempre estive preparado para manobras que tentassem tirar a gente daqui. A gente está dando um compasso de retidão, de correção de procedimentos nas ações que a gente empreende aqui. Esperar ser exonerado eu não esperava, mas preparado para isso, sem dúvida. É uma pena que estamos saindo, estávamos empreendendo um trabalho bacana, uma equipe muito joia, fizemos muitas modificações aqui para garantir que o recurso público fosse empregado com a maior lisura possível, então para fazer isso desagrada a um determinado tipo de pessoa a qual o senhor deve saber a quem estou me referindo e, acaba vindo a pressão. Pena que aconteceu, mas eu me sinto realizado, pois fiz o que tinha que fazer. Eu dei um vacilo, meti uma deselegância com o deputado, quer dizer, dei munição pro bandido aumentar a coisa e transforar em uma crise institucional, algo que era uma rusga pessoal de dois veios rabugentos, vamos dizer assim, aí a coisa cresce, pena. Mas, o sentimento é de muita tranquilidade, cumpri o meu dever, me dediquei, trabalhei pra caramba é só perguntar para o pessoal aqui e saio certo que contribui muito com a sociedade catarinense, com a economia catarinense e deixei uma estrutura bem preparada que se bem conduzida, passará a mostrar resultados a partir deste ano.

 

–(Fim)–

 

Decisão do Governo

Louvável o gesto feito pelo governador Carlos Moisés da Silva (PSL) em relação ao agora, ex-secretário de Estado da Infraestrutura, Carlos Hassler. Moisés demonstra que deseja construir uma boa relação com a Assembleia Legislativa, portanto, que seja então esse o caminho, mas que também seja de mais diálogo com todos e sem eleger adversários, ou, pior, inimigos. Ainda sobre o caso em questão, Hassler foi muito infeliz, mas, confesso que me surpreendeu o fato, já que as poucas vezes que mantive contato, em todos o então secretário mostrou cordialidade, do seu jeito sério, mas cortês. Segundo uma fonte a mão do secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, também pesou na decisão, evitando dessa forma, mais desgastes ao Governo.

 

Na berlinda

Na coluna de 27 de maio do ano passado divulguei que o então secretário de Estado da Infraestrutura, Carlos Hassler, estava na berlinda e que poderia ser o próximo a cair após a saída de Edupércio Pratts do comando dos Bombeiros. No dia seguinte relatei que Thiago Augusto Vieira, que hoje substitui a Hassler, havia sido transferido da Administração para a Infraestrutura. Á época já haviam contestações internas ao trabalho de Hassler e Vieira que também é militar, foi colocado justamente para supervisionar.

 

Queda da procuradora

A queda da procuradora-geral do Estado, Clélia Iraci da Cunha, informação publicada em primeira mão pelo SCemPauta, já era prevista há alguns dias. Havia uma grande pressão interna a atitude de Clélia, a qual segundo algumas fontes, teria feito o processo interno e de forma sigilosa para conceder o aumento salarial aos procuradores, teria sido considerado imperdoável pela núcleo do governo.

 

Aliança de Gean

O prefeito de Florianópolis Gean Loureiro (DEM) está formando uma grande aliança para a eleição na capital. Ao seu lado deve ter o PSDB, PSD, PSC, PSB, Podemos e Republicanos. Um desses partidos deve apontar o vice. Ontem o vereador Renato da Farmácia (PL) fez inúmeros elogios a Gean e deve sair do PL já que o partido terá como pré-candidato, o vereador Pedro Silvestre, o Pedrão. Outro nome que estará ao lado de Loureiro é Hélio Costa, que somente ficará no Republicanos para não perder o mandato por infidelidade, mas já adotou uma postura independente, pois não quer a interferência da Igreja em seu mandato. No futuro vai para o Podemos.

 

Chabu

O prefeito de Florianópolis Gean Loureiro (DEM) está formando uma forte aliança, deve ter tranquilidade na Câmara de Vereadores, porém, os seus advogados seguem de olho na Chabu. Hoje é a única situação que pode gerar um grande abalo a Gean, fora isso, chega forte ao pleito municipal. O prefeito se diz tranquilo em relação as investigações.

 

Filiação de Buligon

O prefeito de Chapecó Luciano Buligon (DEM) assina ficha no PSL. Ele será a liderança do partido em todo o Grande Oeste, tendo carta branca do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) para discutir e definir candidaturas. No próximo ano é possível que Buligon assuma um cargo no Governo e trabalhará para disputar uma vaga à Câmara Federal em 2022.

 

Progressistas e pessedistas

A reunião entre lideranças do Progressistas e do PSD teve um grande número de lideranças em um ginásio no bairro Santa Maria em Chapecó. Todos devem trabalhar em torno do nome de João Rodrigues (PSD) como o pré-candidato a prefeito do grupo. Também devem procurar outros partidos e até mesmo o prefeito Luciano Buligon. A ideia é que o atual grupo que administra Chapecó se mantenha unido.