O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) ficou numa situação delicada, justamente pela atitude indelicada de seu secretário de Estado da Infraestrutura, coronel Carlos Hassler, em relação ao deputado estadual, Valdir Cobalchini (MDB), que o expulsou de seu gabinete sem o mínimo motivo.

Hoje, Moisés espera por Hassler em seu gabinete para uma conversa que não será nada fácil. Se ele cair, a questão Hassler gera um clima de tensão dentro do Governo, já que a reclamação contra o secretariado é geral. Ficará a pergunta: Será que os demais correrão o mesmo risco? Se sentirão seguros em um governo que não consegue se acertar? Parece que mais ninguém andou sendo expulso dos gabinetes, mas a insatisfação dos parlamentares é geral com a equipe de governo.

Por outro lado, se Moisés não tomar uma atitude mais contundente frente ao que ocorreu com Cobalchini, são pelo menos dois deputados a mais na oposição. Entre as falas de ontem na Assembleia Legislativa, uma das que mais chamou a atenção foi a de Moacir Sopelsa (MDB), deixando claro que se nada for feito, que o custo será muito caro.

O fato é que o gesto de Hassler em relação a Cobalchini, é só mais um capítulo de um governo que não sabe se comunicar e, o pior, seus secretários por muitas vezes não atendem as lideranças por ordem do próprio Moisés, é só divergir dele e as portas se fecham.

Para piorar o clima, conforme já abordado pelo SCemPauta, prefeitos de vários partidos têm relatado aos parlamentares ligados a eles, que estão sendo assediados pelo governador, que além de oferecer dinheiro do Fundo Partidário para quem disputará a reeleição, ou, para o candidato ao qual apoiarão, também oferece dinheiro para convênio com os seus municípios, ou seja, se confirmar esses relatos dos prefeitos, estaremos diante de cooptação partidária com dinheiro público.

Além da questão moral e até legal, ou seja, o condicionamento de apoio aos municípios a filiações, se engana Carlos Moisés ao achar que essa ação predatória não abala a sua relação com quem lhe dá sustentação no parlamento. Deputados reclamam nos bastidores e, se o que chamam de assédio continuar, afirmam que respostas virão.

O ano começa com muita insatisfação no entorno de Moisés, tanto, que até o momento ninguém quis aceitar a liderança do Governo na Alesc. Líder no ano passado, Maurício Eskudlark (PL) afirma não ser mais, tanto é, que me enviou a carta que entregou ao governador no ano passado ao deixar o cargo. Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), declinou do convite e, amigo de longa data de Moisés, Luiz Fernando Vampiro (MDB) me disse que até aceitaria, mas não quer bater de frente com o seu partido que vetou aos seus filiados, que assumam a liderança. O MDB não quer colocar as digitais no atual governo. O nome da vez é Zé Milton Scheffer (Progressistas), que teria confidenciado a algumas lideranças que não se interessa, mas, quem sabe.

 

A voz da sensatez

O secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, pode ser a voz da sensatez para decidir o que acontecerá em relação ao secretário de Estado da Infraestrutura, coronel Carlos Hassler. Na verdade, cabe ao equilibrado homem forte do governo de Carlos Moisés da Silva (PSL), tentar pôr ordem na casa que anda pra lá de bagunçada.

 

Movimentos antecipados

Eu tinha a convicção de que a partir do ano que vem, começaria de fato a ruir a efêmera base do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) na Assembleia Legislativa. Mas alguns movimentos mostram que essa situação está se antecipando, mesmo que aos poucos. Um exemplo é o MDB. O partido não seguirá com Moisés, pois, como ele pretende disputar a reeleição, nunca que os emedebistas se contentariam em indicar o vice, ou apenas doar o apoio, portanto, essa aproximação tem prazo de validade. Agora, o Partido Liberal começa a de fato, se alinhar aos deputados estaduais do PSL que fazem oposição a Moisés e, o PDT pode se afastar se não houver a garantia de que Ana Paula da Silva, a Paulinha, será a vice de Moisés em 2022.

 

Sob a coordenação de Jorginho

O deputado estadual Ivan Naatz que se filia no sábado (08) ao Partido Liberal, recebeu ontem em sua residência para um jantar, os deputados de seu futuro partido, Maurício Eskudlark, Marcius Machado e Nilso Berlanda, além dos deputados pesselistas não alinhados com o Governo do Estado, Ana Caroline Campagnolo, Sargento Lima, Felipe Estevão e Jessé Lopes. O objetivo do encontro foi de alinhar um grupo que regimentalmente só pode virar um bloco no próximo ano, mas que atue com total independência em relação ao governador Carlos Moisés da Silva (PSL). De acordo com uma das lideranças que estiveram no evento, a ideia é que seja de oposição, mas em respeito à Maurício Eskudlark e Marcius Machado, ambos do PL, que ainda votam com Moisés, ficou definido como independente. Ao final do jantar, todos os pesselistas foram convidados a se filiar ao PL. Eles ficaram de analisar a possibilidade legal.

 

Mais deputados

Nos próximos dias as conversas devem se intensificar entre os integrantes do novo grupo, mas a ideia é de buscar novas adesões, sobretudo dos deputados estaduais considerados desgarrados. Laércio Schultz (PSB), Nazareno Martins (PSB) e Sérgio Motta (Republicanos) serão chamados para integrar o grupo. A ideia é de equilibrar a suposta força do governo na Assembleia Legislativa, fortalecendo os independentes ou oposicionistas. Em silêncio, lá de Brasília está o senador Jorginho Mello (PL), que trabalha em silêncio para montar uma base orientada por ele, o que pode demonstrar um sinal de força pensando na eleição de 2022.

 

Impeachment

Não me surpreendeu a decisão do presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD), que determinou o arquivamento do pedido de impeachment do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e de demais integrantes de seu governo. Garcia seguiu a procuradoria do parlamento, portanto, foi uma decisão técnica, nada política. Se desse seguimento, a conclusão mesmo que em plenário tendia a ser a mesma, tudo baseado no parecer. Quem ainda pode se complicar por improbidade na justiça, é a procuradora geral do Estado, Clélia Iraci da Cunha e o secretário de Estado da Administração, Jorge Eduardo Tasca.

 

Gesto

O presidente da Assembleia Legislativa Júlio Garcia (PSD) fez um grande gesto em prol do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL). O pessedista poderia ter seguido com o processo de impedimento, mesmo sabendo através da procuradoria de que pelo menos no parlamento, não daria em nada. Seria apenas uma fritura de um governador que já faz isso por conta própria, por isso, experiente, Garcia fez um gesto, atendendo a um pedido do próprio Governo, mas dentro do parecer dos procuradores. Garcia mostra que política não se faz com ódio, se faz com diálogo.

 

Ralf vai recorrer

O advogado Ralf Zimmer Júnior não se deu por vencido. Está tentando na Assembleia Legislativa que a decisão pelo arquivamento seja revista, porém, no parlamento não deve ter êxito. Ralf promete levar ao judiciário a tentativa de retomar o processo de impedimento contra o governador Carlos Moisés da Silva e demais integrantes do governo.

 

Corrupção no Detran de SP preocupa peritos de SC

Nesta semana, uma grande emissora de comunicação do país veiculou reportagem especial escancarando a corrupção generalizada que impera no Detran de São Paulo. São servidores, médicos, peritos, donos e funcionários de autoescolas atuando em conluio para lesar, em cifras bilionárias, os cofres públicos, trazendo grandes benefícios financeiros ao grupo criminoso. Em linhas gerais, o esquema, que, segundo dado das Receita Federal, já gerou prejuízos de mais de R$ 3 bilhões aos cofres públicos desde 2014, cobra para conceder fraudulentamente CNHs especiais que deveriam ser concedidas a portadores de deficiências para pessoas totalmente saudáveis. A CNH especial e os laudos médicos atestando deficiência permitem que os portadores também comprem veículos com até 35% de descontos nos impostos. Coincidentemente, nos últimos 15 anos, somente no estado paulista, o número de veículos vendidos para supostos portadores de deficiência saltou de pouco mais de 7 mil para mais de 200 mil, num crescimento impressionante de 2.615%.

 

AMP preocupada com a situação do Detran

Os detalhes estarrecedores sobre o que está sendo investigado no Detran de São Paulo, trouxeram nova preocupação a dirigentes e filiados à Associação de Médicos e Psicólogos Peritos Examinadores de Santa Catarina (AMP/SC). Sobretudo porque o sistema que o Detran-SC quer implantar, via o decreto que está suspenso, é muito similar ao paulista, onde são possíveis tantas fraudes e prejuízos aos cofres públicos e à sociedade. “Em Santa Catarina, atuamos há cinquenta anos, não é pouco tempo, e não há registros deste tipo de corrupção explícita em meio século. Sem falar que prestamos um serviço que funciona e é mais barato para o cidadão do que na maioria dos estados. Sinceramente, não dá pra entender o que a direção do Detran-SC está querendo fazer, mexendo naquilo que funciona e sem atacar o que realmente precisa mudar”, alerta o presidente da AMP, o médico Fernando de Mello Vianna.