
Posto avançado no Bormann
Um governo com inúmeros militares terá que dar à segurança pública um tratamento adequado. Amanhã o comandante, Carlos Moisés da Silva (PSL), se torna o novo governador de Santa Catarina e assumirá alguns problemas que destoam da marca dada ao nosso estado, de ser um dos mais desenvolvidos do país.
Fui procurado por algumas lideranças de Chapecó, que estão preocupadas com a segurança da região. Ao todo, 65 policiais militares do Oeste foram enviados ao Litoral, sendo 48 de Chapecó para a Operação Veraneio. Essa situação tem facilitado as coisas para a criminalidade e para uma situação, no mínimo, absurda.
Há alguns meses a Sociedade Amigos de Chapecó (SAC), doou para a Polícia Militar uma base no Distrito de Marechal Bormann, um dos pontos de entrada no estado de quem vem do Rio Grande do Sul. O imóvel é equipado com computadores e equipamentos de monitoramento. Como PMs foram levados para o Litoral, o contingente ficou reduzido ao ponto de não ter policiais para deixar no local, estratégico para impedir a entrada de qualquer substância ilegal no estado.
Segundo uma fonte, marginais se aproveitando da situação começaram a apedrejar a base da polícia, ameaçando inclusive, de atear fogo no local. Para evitar que qualquer coisa aconteça, pasmem, empresários contrataram uma empresa privada de segurança para proteger um posto da polícia. Dá para acreditar?
A criminalidade pode ter reduzido em números, mas, a sociedade ainda sente no dia a dia o peso da falta de segurança. O Estado padece da falta de policiais, de estrutura e até mesmo de combustível. Quatro viaturas foram recuperadas por empresários de Chapecó, para que voltassem a funcionar. Combustível e até uma viatura nova foi doada pela Prefeitura. Agora, doar uma base e ter que oferecer uma segurança privada, que, aliás, encerra o contrato amanhã, para proteger um patrimônio que é da polícia, é surreal. É uma vergonha para o Governo do Estado.
Há tempos estava na pauta da região o pedido para que se instalasse um posto avançado da Polícia Militar. Receberam como resposta que o Estado não tinha R$ 1,2 milhão para a construção. Sabe por quanto a SAC construiu o posto do Bormann? Ao todo foram gastos R$ 95 mil. Viram a diferença?

Descaso: Teia de aranha na porta da viatura.
A foto da teia de aranha na porta da viatura, é o retrato do descaso com a segurança da população e, com os próprios policiais. Como estimular esses homens e mulheres de farda a irem para as ruas, para trabalhar em péssimas condições, inclusive, se colocando em risco devido a disparidade de armamento que usam em relação a de muitos criminosos? Veremos se o novo governo terá força e vontade para fazer o que os anteriores podem ter até tentado, mas, falharam gravemente. Enquanto um único cidadão sofrer qualquer tipo de violência, o Estado estará falhando.
Figurativa, não!
A vice-governadora, Daniela Reinehr (PSL), terá que se fazer ouvir. Ela tem que olhar para o Oeste também. Se nada fizer para mudar a realidade da segurança pública em sua própria região, pode se considerar uma vice figurativa. Agora, o problema não está somente no Oeste. Veja no Norte do estado, no Sul entre outras regiões. Faltam policiais. Bem que a ideia do então candidato ao Governo do Estado, Gelson Merisio (PSD), poderia ser colocada em prática. Convocação urgente dos policiais da reserva.
Crise no PSL
Lideranças que participaram ativamente na linha de frente da campanha de Carlos Moisés da Silva (PSL) ao Governo do Estado, se reuniram em Florianópolis. Repudiaram o anúncio de mais dois militares no governo, principalmente a escolha da tenente Edenice Fraga, para ser a coordenadora estadual da Igualdade Racial do Estado, devido a sua ligação com a esquerda catarinense. As lideranças criticaram o fato dela ter sido candidata a deputada pela REDE e, por ser ideologicamente ligada ao PT e o PSOL. “O Moisés perdeu a mão. Pelo simples fato de ser militar, não está sendo levado em conta o alinhamento ideológico”, relatou uma fonte que esteve no encontro.
Crítica ao posicionamento
Em resposta a reação do presidente estadual do PSL, Lucas Esmeraldino, que respondeu à coluna dizendo que “quem reclama não está no espírito do PSL” e, que se admirou que procurem a imprensa para reclamar, antes de buscar conversar com ele na condição de presidente do partido. As lideranças querem que Esmeraldino adiante publicamente a pauta da reunião, pois, até o momento ninguém tinha a informação sobre qualquer encontro. “Se realmente vai haver, que não seja para refirmar o mantra repetitivo aos suplentes, que não devemos nada a ninguém, se colocando como se as “únicas” cerejas do bolo fossem o Lucas, Moisés e Bolsonaro em Santa Catarina, sem precisar de nominata de candidatos”, disse uma das lideranças no encontro.
Críticas aumentam
Enquanto que algumas lideranças tentam dar o tom de tranquilidade para o público, sobretudo ao eleitor do PSL, por outro, o tom das críticas tem subido a cada momento. Para uma fonte, é lamentável que o partido chegue meteoricamente ao poder e tão rapidamente perca a condição de protagonista para um projeto de futuro, por falta de consideração a quem trabalhou na campanha. “Se for para errar ou acertar, que estejamos juntos. Não vamos deixar as pessoas pelo caminho por causa de seus esquecimentos. É lamentável, mas, a dita velha política está aí, estão aplaudindo a derrocada do Moisés”, disse um pesselista. Outro participante do encontro em Florianópolis foi além, afirmando que se Eduardo Pinho Moreira (MDB) não sancionar o projeto aprovado na ALESC, sobre o acúmulo de salários dos inativos que assumirem cargos de secretários, que o governador Moisés vai enfrentar a primeira queda, independentemente da decisão que tomar, afirmou. O futuro secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, já teria recebido a missão de acalmar os ânimos da base.