Conversei há pouco com a senadora, Simone Tebet (MDB), que é o nome preferido das lideranças emedebistas de Santa Catarina para assumir a presidência nacional do partido, porém, ela me disse que declinou da disputa em nome da unidade partidária.

Quanto a intenção do ex-senador, Pedro Simon, de também ser candidato, Simone me disse que não pode falar por ele, mas acredita que terá apenas uma candidatura, a do deputado federal, Baleia Rossi, que é apoiado pelo grupo do ex-presidente, Michel Temer. “Eu não posso disputar. Temos um partido dividido, então, dividir o que já está dividido não acrescentaria em nada”, afirmou a senadora.

Simone conversou por mais de duas horas com Rossi a respeito do assunto, que teve prosseguimento com Simon, porém, o deputado se mostrou irredutível, o que deve fazer com que ele seja o candidato único. Mesmo se escapar da disputa, a pressão sobre Rossi será grande, tanto, que ele foi informado que os primeiros meses de seu mandato, caso seja confirmado como o novo presidente, será de avaliação. “Ele sabe que se não tiver mudança, que o MDB terá uma grande debandada”, disse a senadora.

Região Sul

A senadora Simone Tebet sabe que grandes nomes do MDB catarinense, ameaçam deixar o partido caso o grupo liderado pelo ex-presidente, Michel Temer, siga no comando. Ela destacou que o movimento de renovação do MDB, tem sido puxado pela região Sul, onde considera que se iniciam as movimentações que influenciam em outras regiões. “O sentimento é de renovação e a região Sul está na vanguarda desse movimento. Vamos observar”, afirmou.

Eduardo Bolsonaro

A senadora Simone Tebet (MDB), elogiou Eduardo Bolsonaro (PSL), dizendo que se trata de um “excelente deputado”, lembrando que foi o mais votado do país. Por outro lado, ela reforçou o que disse a Andréia Sadi da GloboNews, que entende a indicação do parlamentar para ser o embaixador do Brasil e Washington, como ato de nepotismo. “Ele pode continuar sendo um ótimo parlamentar”, disse.

No entendimento de Simone, há uma grande diferença quando é um cargo de carreira, pois, ao contrário de um secretário, ou ministro que é indicado, há profissionais concursados que estão mais preparados para assumir as embaixadas. “Estamos falando da maior embaixada. É uma relação que impacta no agronegócio, na indústria e no comércio, ou seja, é a nossa imagem. Precisamos de alguém preparado, ele acabou de fazer 35 anos e não tem experiência”, afirmou.

A questão comportamental também preocupa a emedebista, que não concorda, por exemplo, com situações como a foto em que o parlamentar aparece ao lado do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), no hospital com uma arma na cintura.

Além disso, a senadora destacou que o governo precisa dar o exemplo e respeitar a voz das ruas que em sua maioria, não aceita a indicação de Eduardo para ser o embaixador nos Estados Unidos. “O exemplo vem de casa, o presidente tem que ouvir as ruas. Ele (Eduardo) teria que surpreender muito na sabatina no Senado”, disse Simone.

Eleição no Exterior

Questionei a senadora a respeito da eleição em Israel e na Argentina. Enquanto que no país vizinho o peronista Alberto Fernández lidera as intenções de voto contra o atual presidente, Maurício Macri, em Israel o partido Azul e Branco do ex-chefe do Estado Maior do Exército, Benny Gantz, deve ficar com o maior número de cadeiras no Knesset em relação ao Likud de Benjamin “Bibi” Netanyahu. Vale lembrar que Bolsonaro apoiou publicamente, tanto a Macri, quanto a Netanyahu em Israel.

Para Simone, fica cada vez mais evidente ao governo a importância da imparcialidade e independência do Itamaraty, sem qualquer influência ideológica. “Ninguém tem vantagem alguma de ser amigo de um lado, ou de outro. Mas temos todas as desvantagens se formos considerados inimigo. A possível amizade do Bolsonaro com o Trump (Donald), será que pode contribuir quando houver um choque de interesses? Ele tem que defender os Estados Unidos e o nosso presidente o Brasil”, disse ela.

Encerrando a conversa antes de entrar em uma reunião, a senadora completou ao afirmar que o Brasil só tem a perder quando toma um lado de forma ideológica, misturando política com relação comercial e institucional.