Ontem acompanhei no Hotel Majestic em Florianópolis um evento organizado pelo MDB de Santa Catarina, para receber o deputado federal por São Paulo, Baleia Rossi (MDB). Ele é candidato a presidir a Câmara dos Deputados e me concedeu uma entrevista exclusiva. Dei uma pequena pausa nas férias para levar a você o que pensa Rossi. Além disso, também trago algumas informações sobre os bastidores do evento de ontem e a definição do novo líder do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), na Assembleia Legislativa.

SCemPauta – O que o levou a lançar o seu nome para disputar a presidência da Câmara dos Deputados?

Baleia Rossi – Olha, existe hoje uma vontade majoritária na Câmara de buscar um futuro de independência. Hoje nós temos uma Câmara autônoma, que toma decisões importantes e que conseguiu avançar em muitas matérias importantes para o país. Eu acho que a continuidade da independência da Câmara, claro que com um outro perfil, cada um tem uma maneira de agir e eu tenho diferenças com o presidente Rodrigo Maia (DEM), mas entendo que a defesa da democracia, a defesa das instituições, a defesa da ciência e a busca por uma vacina universal, é algo que é muito importante e tem tudo a ver com a Câmara ser ou não submissa a outro poder, portanto, entendo que esse é um momento muito importante do nosso parlamento, também para a nossa democracia e fico feliz que nós tenhamos essa frente ampla de 11 partidos que estão lutando por esse objetivo.

 

SCemPauta – Quando o senhor fala em independência, a Câmara hoje não é independente, ou ela corre o risco de não se tornar independente caso o senhor não vença?

Baleia Rossi –  A Câmara conseguiu avançar em várias pautas, por exemplo, no aumento de R$ 200 para R$ 600 no auxílio emergencial, por ser independente. Conseguimos dar apoios importantíssimos para superar a crise da pandemia para os Estados e Municípios, pois ela é independente, portanto, nós tivemos vários projetos que conseguiram crescer, ser aprovados por causa dessa independência e nós não podemos perder isso. É muito importante para a democracia brasileira que a Câmara seja respeitada, que os 513 parlamentares possam exercer o seu mandato na plenitude como diz a Constituição e, que o debate seja feito em todas as propostas que tramitam por ela. Eu acho que cada parlamentar tem que ser valorizado, cada parlamentar está ali por representar uma parcela da sociedade e não pode ser uma Câmara que seja cartorial, apenas para carimbar projetos do Executivo.

 

SCemPauta – Com Arthur Lira, a Câmara viraria um cartório?

Baleia Rossi – Nós temos diferenças na maneira de pensar a Câmara, de pensar o Brasil e, eu tenho uma responsabilidade com agenda. Acho que os nossos objetivos é geração de emprego e renda. Eu sou o autor da PEC 45 da Reforma Tributária e, acredito eu, pode ser o grande impulsionador da nossa economia para que ela possa crescer novamente. Entendo que a Câmara tem que ser um ponto de equilíbrio quando o Executivo toma alguma medida que não seja correta, você não precisa apoiar 100% daquilo que é inviável, agora, o que é bom para o Brasil vai ter sempre a nossa aprovação, o nosso compromisso e o nosso respeito.

 

SCemPauta – Sobre a Reforma Tributária. A tributação no consumo gera desigualdade social, pois quem ganha menos paga o mesmo imposto de quem ganha mais. Esse ponto deve ser discutido da não tributação no consumo?

Baleia Rossi – Na verdade a nossa Reforma Tributária é a unificação de cinco impostos que incidem sobre o consumo. Claro que com a contribuição e o debate de todos nós, temos praticamente um texto pronto pelo relator, Aguinaldo Ribeiro, que fez um belíssimo trabalho escutando a todos, e ela busca também ser uma progressividade, ou seja, fazer com que as pessoas mais simples paguem menos do que os que mais tem. Eu acredito que essa Reforma Tributária que nós devemos votar ainda no primeiro semestre, se Deus quiser, vai ser o grande marco para o crescimento da nossa economia. Todos os especialistas e economistas ajudaram na construção, ajudaram no debate, se posicionaram e acredito que está mais do que maduro o projeto para ser votado e aprovado, pra tirar essas travas que nós temos hoje em nossa economia.

 

SCemPauta – Caso eleito, o senhor pretende dar à Câmara um ritmo diferente para que o parlamento seja mais ativo em questões como a vacinação contra a Covid, as pautas de liberalização da economia, além das demais importantes para o desenvolvimento do país?

Baleia Rossi – Eu entendo que o Congresso tem cumprido com o seu papel. Na economia nós demos alguns passos importantes e a votação da Reforma Tributária será um grande passo, olhando para o futuro, olhando para a nossa economia, olhando a geração de emprego e renda. Fico triste quando vejo que mais de 50 países já estão vacinando a sua população enquanto o Brasil está ficando para trás. Acho que isso não pode acontecer, nós temos que unir todos os esforços para que a vacina chegue o mais rápido possível para todos os brasileiros e à área social também. Nós temos que ter uma preocupação com o combate à desigualdade, no combate a esse aumento de desempregados. Hoje nós temos 14 milhões de desempregados no Brasil, se nós não impulsionarmos a economia, não teremos a geração de emprego e renda. Acho que o Congresso pode colaborar muito com todas essas pautas para o futuro do Brasil ser melhor.

 

SCemPauta – O governo quer muito emplacar as pautas de costumes. Se o senhor for o presidente, esses temas entrarão na pauta?

Baleia Rossi – Essas pautas dividem a sociedade, dividem o parlamento, portanto, não entendo que sejam pautas para serem colocadas nesse momento. É claro que se houver um grande entendimento, não vou me opor, a Câmara e a sua maioria são soberanas, mas essas pautas de costumes não contribuem com esse grande debate de unidade que precisamos para o Brasil.

 

SCemPauta – O senhor sendo o próximo presidente da Câmara, como será a relação com o Governo Federal?

Baleia Rossi – Será o que está escrito em nossa Constituição. Uma Câmara independente, mas que vai trabalhar em harmonia, tanto com o Executivo, quanto com o Judiciário. Tem que trabalhar com harmonia, mas com o mesmo respeito que é encontrado na Constituição.

 

SCemPauta – Tem quem aposte no enfraquecimento do governo de Jair Bolsonaro, caso o senhor vença a eleição para presidir a Câmara. O senhor concorda?

Baleia Rossi – Eu não vejo isso. Eu não sou um candidato de oposição, eu quero a independência da Câmara Federal que sendo forte, ajuda a população e o Brasil. Eu acredito numa Câmara que esteja ligada aos anseios da sociedade, que cobre respostas, hoje a sociedade espera mais união, mais compaixão, mais liberdades e nós respeitamos as instituições, respeitamos a ciência, queremos sim uma vacina que possa começar a imunizar as pessoas que querem voltar a ter uma vida normal.

 

SCemPauta – Há quem defenda que haja a tramitação dos pedidos de impeachment, sobretudo os partidos de esquerda que o apoiam. Esses pedidos devem tramitar caso o senhor vença?

Baleia Rossi – Olha, com muita clareza e objetividade. Uma das prerrogativas do presidente da Câmara dos Deputados é essa e, cabe ao presidente analisar todos os pedidos.

 

SCemPauta – Isso quer dizer que o senhor sendo o presidente da Câmara dos Deputados, poderá dar seguimento a esses processos?

Baleia Rossi – Olha, nós não podemos fazer um exercício de futurologia. Quando eu for presidente da Câmara dos Deputados, se Deus me der essa oportunidade, nós vamos fazer a análise dentro da Constituição. É prerrogativa do parlamento e nós não podemos abrir mão de nenhuma prerrogativa.

 

SCemPauta – Quais as principais pautas para este ano?

Baleia Rossi – Acho que temos que ter um olhar para a responsabilidade fiscal, para as reformas, nós precisamos ter uma agenda para a economia reagir. Eu tenho a certeza que a proposta mais madura para isso e criação de emprego e renda é a votação da Reforma Tributária. A agenda social também, dentro do orçamento e do teto, sobretudo com o Bolsa Família.

 

SCemPauta – E o auxílio emergencial? O governo diz que não tem mais dinheiro, o Congresso estuda alguma forma de ajudar a encontrar uma solução para manter essas famílias?

Baleia Rossi – Toda solução no meu entendimento tem que ser dentro do teto de gastos que foi uma ação que organizou o gasto público. A deputada Carmen Zanotto, do Cidadania, que está aqui, colocou essa preocupação especifica com uma solução para o auxílio emergencial e para o reforço do Bolsa Família. É uma questão de reorganizar despesas, governar é eleger prioridades e nesse momento temos que encontrar um financiamento, ou um reforço para o Bolsa Família, ou uma alternativa para o auxílio emergencial enquanto não tivermos a vacina. Se Deus quiser nós vamos ter vacina e vamos recuperar a possibilidade dos brasileiros que poderão sair de casa e trabalhar vivendo uma vida normal. Mas por hora temos que pensar em milhões de vulneráveis.

 

Apoios

Acompanhado de lideranças como os deputados federais, Carlos Chiodini e Celso Maldaner, Baleia Rossi (MDB) visitou os deputados federais catarinenses. Chegou a ir na casa do deputado Hélio Costa (Republicanos). A deputada Carmen Zanotto (Cidadania) foi ao Hotel Majestic acompanhar o evento e confirmar o seu apoio a Rossi. A expectativa é de que o parlamentar obtenha entra 11 e 12 votos somente em Santa Catarina.

 

Votos em Lira

Os deputados federais, Coronel Armando (PSL) e Caroline de Toni (PSL) votarão em Arthur Lira (Progressistas), candidato apoiado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Gilson Marques (Novo) deve votar em Marcel Van Hattem (Novo).

 

Com Ângela

Um fato que reforça o novo momento entre o senador Dário Berger (MDB) e a família Amin aconteceu ontem. A deputada federal Ângela Amin (Progressistas) foi ao encontro de Baleia Rossi. A questão é que essa conversa aconteceu no escritório político de Berger aqui em Florianópolis. Os ex-adversários estão construindo uma forte relação política que poderá ter reflexo em 2022. Quanto ao voto na eleição à presidência do parlamento, Ângela pode apoiar Rossi, mas ainda não foi dada a palavra final.

 

Paulinha convidada

A deputado estadual, Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), recebeu um convite do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi, para que se filie ao partido. Paulinha não escondeu que ficou balançada, informou que irá pensar, mas o fato é de que ela já teria até o argumento pronto para a troca de partido. Paulinha acusa o PDT de perseguição contra ela, inclusive por causa do processo interno gerado após a parlamentar ter assumido a liderança do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), na Assembleia Legislativa. Vale lembrar que Paulinha já deixou o cargo e, caso se filie ao MDB, levará o prefeito de Bombinhas, Paulo Muller, o Paulinho (DEM), para o seu novo partido.

 

Líder de Moisés e agricultura

Conforme eu já havia adiantado ainda no ano passado, o deputado estadual Zé Milton Scheffer (Progressistas), aceitou o convite e será o novo líder do governo de Carlos Moisés da Silva (PSL) na Assembleia Legislativa. Altair Silva (Progressistas) será o novo secretário de Estado da Agricultura. Assume em seu lugar o ex-presidente da Alesc, Silvio Dreveck (Progressistas).

 

Outros assuntos

– O presidente estadual do MDB, deputado Celso Maldaner está de olho na disputa ao Governo do Estado no próximo ano. Ele quer ser o candidato;

– Pensando na disputa ao Governo do Estado, lideranças também tem simpatia pelo deputado federal, Carlos Chiodini, lembram do prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, mas nunca esquecem da força do senador, Dário Berger;

– O ex-governador Eduardo Pinho Moreira estará na próxima eleição, como candidato a deputado. Ainda não se sabe se disputará à Câmara Federal ou a Estadual;

– O empresário de Chapecó, Leandro Sorgatto, e o deputado estadual, Valdir Cobalchini, receberam o apoio do deputado Celso Maldaner que abrirá espaço na Câmara dos Deputados.

– Os emedebistas estão de olhos voltados ao deputado estadual, Mauro De Nadal que presidirá a Assembleia Legislativa neste ano. As lideranças contam com o cumprimento do acordo na Alesc.

– O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), tem a simpatia de uma boa parcela dos emedebistas para ser o candidato de centro à Presidência da República.

A minha coluna volta no próximo dia 22. Até lá!