Sabendo que não inspira confiança aos catarinenses, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) tem adotado a tática de vender a sua versão sobre o processo de impeachment e o caso dos respiradores fantasmas da Veigamed, para fora do Estado. Ideia de uma equipe que lidera a comunicação do Estado a base de delírios. Repito, a crítica não é aos assessores, é às pessoas que fazem parte de uma trama reveladora e que não entendem a forma correta de se comunicar.

A revelação a que me refiro, é que Moisés sabe que não tem argumento e parte para uma realidade paralela, a qual somente ele e seus asseclas acreditam. Talvez estejam vivendo um processo coletivo de negação emocional, frente ao impedimento que se aproxima. Ontem em uma entrevista concedida à Rádio Gaúcha, o governador mais uma vez passeou pela irrealidade ao dar a sua versão para alguns fatos que tiram totalmente a credibilidade de seu governo.

Sobre os respiradores, Carlos Moisés mais uma vez tentou explicar um dos casos mais criminosos da história catarinense. Compra de 200 respiradores com pagamento adiantado para a Veigamed, empresa de fundo de quintal, no valor de R$ 33 milhões sem a mínima garantia. Para Moisés, “deve ter havido alguém que se aproveitou para iludir alguém”. Mentiu ao afirmar que foi o primeiro a determinar as investigações e a recuperação dos R$ 14 milhões, situação a qual, segundo ele, somente aconteceu por sua própria iniciativa. Ora, até as pedras sabem que não foi ele. Quem teve a iniciativa foi o deputado estadual, Bruno Souza (NOVO), que através de uma ação popular conseguiu que a justiça bloqueasse as contas da Veigamed.

O fato é que Moisés se perde tanto ao faltar com a verdade, que repete sempre a mesma versão, tanto, que no dia em que o seu nome apareceu no caso Veigamed e foi remetido ao STJ, ele concedeu uma coletiva na Casa D’Agronômica quando tive a oportunidade de desmenti-lo, após novamente ter feito a mesma afirmação. Lembrei cronologicamente dos fatos e deixei claro que nem o governador, muito menos o procurador geral, Alison Bom de Souza, foram os responsáveis pela primeira ação, pois esta havia partido do deputado Bruno. Moisés e Alison nada disseram para contestar, sabiam que eu falava a verdade.

Moisés também foi questionado ontem sobre o depoimento de Deivis de Oliveira Guimarães, que em uma conversa interceptada de 26 de março, disse que “o governador já tinha liberado o processo de compra”, se referindo aos respiradores. Questionado pela CPI da Alesc se naquela mesma época negociava com algum outro Estado, ele foi taxativo ao afirmar que não, portanto, o único governador só poderia ter sido Carlos Moisés. Mesmo assim, ontem Moisés disse à Rádio Gaúcha que Deivis não tornou claro sobre qual governador se referia.

Na sequência tentou descredibilizar as investigações que correm no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, chamando de ilações as denúncias que basearam o prosseguimento das investigações contra ele, como se o STJ investigasse alguém baseado em induções. Afirmou, pasmem, que “não houve pagamento antecipado”, completando que, o que houve, foi uma “fraude numa declaração”, se referindo a ex-servidora, Márcia Pauli, a qual segundo ele, atestou que os respiradores foram recebidos. Agora, se não houve pagamento, onde estão os R$ 33 milhões?

Quase no final o assunto “hospital de campanha” também entrou na pauta. De acordo com Moisés, a sua única intervenção foi a de determinar a suspensão da contratação do Mahatma Gandhi e, que após, observou o que chamou de “parceiros” na rede hospitalar filantrópica onde teria decidido investir com estrutura. Acontece que foi mais uma mentira, pois o TCE recomendou o cancelamento do contrato e a justiça por duas vezes determinou que fosse cancelado, tanto, que o governo anunciou que entraria com recurso e após, acabou anunciando a desistência.

Moisés brinca com a população catarinense todas as vezes que mente e, o pior, falta com a verdade com uma convicção que assusta. É por isso que o seu governo está em ruínas, pois não consegue convencer que o seu mundo paralelo é real.

 

Depoimento de Adircélio

O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) afirmou que o depoimento do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Adircélio de Moraes, aos investigadores do caso Veigamed está truncado, pois a iniciativa foi dele de buscar contato com o conselheiro. Moisés relatou que primeiro ligou para falar sobre um projeto de lei, depois, teria falado sobre pagamentos antecipados. O governador ainda lamentou ter sido alertado por Moraes, somente após o pagamento à Veigamed ter sido feito. Ele voltou durante a entrevista a dizer que não foi o Ministério Público, que o pedido de investigação teria sido feito por ele, situação que não corresponde com a verdade.

 

Sobre os deputados

Quanto a sua má relação com a maior parte da bancada do PSL na Assembleia Legislativa, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) disse que um dia antes da admissibilidade dormiu com 18 votos favoráveis, mas acordou com apenas seis. Se Moisés realmente fala a verdade, quais eram os 18 parlamentares que se comprometeram com ele? E o jantar que marcou um dia antes da votação para se encontrar com deputados que foi cancelado por falta de quórum, qual é a explicação? Moisés disse que os deputados do PSL não são bolsonaristas e que somente votaram contra ele por terem feito pedidos, inclusive de cargos, mas que acabaram não sendo atendidos.

 

Resposta

Três deputados da bancada do PSL na Assembleia Legislativa ligados ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), rebateram a fala do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL). O líder da bancada, Sargento Lima, disse que se pronunciaria para mostrar quando uma pessoa é homem, ou não é, citando o nome de Moisés. Lima quer que o governador diga o nome dos deputados que pediram algo para ele. “Fale o nome dos deputados que foram pedir coisas pra ele e não foram atendidos e, por isso se transformaram em oposição a ele”, disse. “Eu falo nome, essa é a diferença entre homem e moleque. Estou esperando ele aparecer no meu gabinete para dizer o nome do deputado da nossa base que pediu alguma coisa pra ele”, concluiu. Ana Caroline Campagnolo apoiou a fala de Lima, enquanto Jessé Lopes chamou Moisés de covarde, vagabundo e de governo medíocre.

 

Empenhado a obter apoio

Paulo Eli realizou fortes movimentos

Quem tem se empenhado muito nos últimos dias pela defesa do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), é o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli. O envolvimento tem sido sobretudo, na questão jurídica no caso do aumento salarial concedido de forma administrativa aos procuradores do Estado. Pessoas próximas e até parlamentares que estiveram com o secretário, presenciaram fortes movimentos no sentido de tentar reverter juridicamente a questão.

 

Pronunciamento de JG

O presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD), se pronunciou ontem a respeito das duas denúncias que pesam contra ele apresentadas pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Alcatraz. No início ele recordou de algumas operações onde tiveram pessoas presas, com as suas reputações abaladas e que no final acabaram absolvidas. Um dos casos lembrados foi do ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, que acabou se suicidando e, também da prisão do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), que acabou inocentado na segunda instância no âmbito da Operação Chabu. Para Garcia, soa estranho que mais duas pessoas tenham sido citadas junto ao seu nome, mas que apenas ele se tornou alvo da investigação.

 

Delação

Júlio Garcia (PSD) destacou ainda que a advogada Michelle Guerra, tentando escapar da justiça fez uma delação baseada no “ouvi falar”. Ele também afirmou que o vazamento da decisão do Ministério Público de oferecer a denúncia contra ele, sendo que a sentença estava em segredo de justiça, tendo sido proferida às 18h58 e divulgada no site do MP às 19h30, quando ainda não poderia ter sido divulgada, foi mais uma ação de perseguição. “Esse comportamento, para encerrar, dos membros da força tarefa do Ministério Público Federal, só revela que não encontradas provas, o assunto passou a ser pessoal, de intolerância pela frustração da operação Alcatraz, que desde o seu início me havia eleito como o alvo ou bode expiatório daquilo que pensaram ser o grande caso, ou o espetáculo promovido às custas da reputação alheia”, concluiu.

 

Sai fortalecido

A estratégia do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e da vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido), para se defender no processo de impeachment atacando o presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD), somente serviu para unir o parlamento em torno do pessedista. Após a fala do presidente da Alesc, vários deputados se pronunciaram em apoio a ele, até mesmo a líder do governo Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), e o deputado Zé Milton Schaeffer (Progressistas), que são ligados a Moisés. Mais uma vez o governo vê uma estratégia perder fôlego, enquanto isso o escritório que espalha o ódio contra adversários de Moisés na internet, segue atuando.

 

Pedido de afastamento

Virou piada entre deputados a ação impetrada pelo advogado, Tiago Bolan Frigo, que deu entrada na Assembleia Legislativa a um pedido de afastamento do presidente do parlamento, Júlio Garcia (PSD). Havia entre os deputados a desconfiança que Frigo, que é o segundo suplente de deputado estadual do PSL, atendeu a um pedido do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e pediu o afastamento de Garcia, devido as denúncias na Operação Alcatraz. Por outro lado, houve quem desconsiderou o pedido atribuindo a Frigo a mera intenção de aparecer. “O pedido dele é digno de julgamento da OAB. Tem que passar por uma reciclagem”, disse um parlamentar. Frigo acusa Garcia de querer o foro privilegiado, além disso, lembra que cabe ao presidente da Alesc suceder governador e vice caso percam os mandatos ao mesmo tempo. Neste caso, é preciso mexer na Constituição Estadual, pois é ela que determina.

 

Clésio 2022

O prefeito de Criciúma Clésio Salvaro (PSDB) não admite, mas está de olhos voltados à eleição ao Governo do Estado em 2022. Salvaro é o favorito para vencer no principal município do Sul do Estado e, se confirmada a vitória, sai com musculatura para brigar pela vaga tucana com Gelson Merisio e a deputada federal, Geovânia de Sá. Vale lembrar o recado enviado por Salvaro quando Merisio se filiou ao partido, que terá que entrar na fila. Essa briga promete e talvez, até com mais um personagem que é o senador Dário Berger (MDB). Uma possível filiação dele não está descartada.

 

Incorporação ao Iresa

A Assembleia Legislativa aprovou ontem o projeto de lei complementar que garante a incorporação ao salário da Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo (Iresa) aos servidores da segurança pública. A nova lei regulariza os salários na Polícia Civil, ao IGP a norma passará a valer em 2022 e para a Polícia Militar levou a criação ao Regime Remuneratório Especial dos Militares Estaduais. O parlamento e o Governo do Estado fazem justiça aos servidores da segurança pública. Não é favor algum, é de direito que tenham a incorporação do Iresa. Vale destacar a mobilização da Aprasc, Acadepol, Adepol e do sindicato dos peritos.